HISTÓRIA DA CONGREGAÇÃO SAR-EL
Nasceu Sar-El
“Não morrerei; antes viverei e contarei as obras do Senhor” (Salmos 118:17)
"De boas palavras transborda o meu coração: ao Rei consagro o que compus..." (Salmos 45:1a)
Agradeço a todos os leitores, em especial aqueles que fazem parte desta história como personagens e sabem reconhecer onde se incluem, ainda que nas entrelinhas.
I
De um sonho de D-us, gerado por Seu Santo Espírito num ventre espiritual materno, "NASCEU SAR-EL".
É um lindo bebê. Franzino, mas cingido de força.
Apesar das muitas tentativas do inimigo para tentar abortá-lo, tendo sofrido ainda no ventre uma intervenção cirúrgica muito delicada a fim de reparar uma brecha em sua coluna, Sar-El suportou a intervenção do Grande Médico segurando em Sua mão e veio a nascer no tempo determinado. Foi uma gestação difícil, mas ELE agiu.
II
Todo sonho do Eterno para nossas vidas é gerado em nós pelo Espírito Santo de D-us e, no tempo determinado, vem à luz como um bebê. De forma natural, o nascimento de uma criança vem precedido das dores de parto.
“Por muito tempo me calei, estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto..." (Isaías 42:14)
A história da Congregação Judaico-Messiânica Sar-El de Curitiba (vou chamá-la apenas de Sar-El) começou há muitos anos, creio que antes da fundação do mundo. Afinal, D-us é o Senhor do tempo.
"Ainda antes que houvesse dia, Eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das Minhas mãos: agindo Eu, quem impedirá?” (Isaías 43:13)
Buscando em minhas memórias, pude fazer um breve relato de como tudo aconteceu até aqui: sete de janeiro de 2002.
Comecemos pelo mês de novembro de 1995 e janeiro de 1996, quando meu esposo e eu nos convertemos a Jesus, o Messias de Israel.
Antes disso havia um vazio em nosso coração e a escuridão o cobria. Porém, havia em nós o fôlego de vida e a busca pelo Senhor do Universo. Com laços eternos Ele nos atraiu e iniciou o nosso retorno.
Seguiram-se dois anos de aprendizado básico (1996 e 1997). Manejar a Bíblia não era difícil para alguém que fora criada em uma comunidade evangélica. Só que, agora, cada Palavra lida tinha mais sentido. Havia sede de D-us, e tudo aquilo que não conseguíamos aprender com Seus servos, Ele mesmo nos ensinava pela revelação do Seu Espírito através da Palavra.
No dia 16 de março de 1997 passamos pelo batismo nas águas. Foi uma experiência maravilhosa, inesquecível. Resposta de orações.
A partir de janeiro de 1998 começou a despontar um chamado. Lembro-me de haver sentido dor em meu coração ao perceber que estava como um membro "engessado" na Igreja. Então aceitei o desafio do Pai e respondi:
- Sim, quero participar Contigo de uma obra Tua!
Era tarde demais para voltar atrás. ELE não se agrada daqueles que retrocedem. Mal sabia tudo o que já estava preparado e que em breve estaríamos envolvidos com o movimento judaico-messiânico, reconhecendo em Jesus um judeu, aprendendo a amar o Seu povo de origem e sentindo o clamor de D-us para que a Igreja cumpra seu papel no arrependimento, na luta contra o antissemitismo e na intercessão a favor de Israel. Reconhecemos Yeshua HaMashiach (Jesus o Messias) – o judeu – e isto fez muita diferença em nossa vida espiritual.
Em fevereiro daquele mesmo ano, mais uma resposta de oração. O Senhor nos colocou como família junto a outros irmãos numa pequena comunidade onde vivenciávamos um amor muito especial por Israel. Foi lá que ouvimos pela primeira vez, com tanta ênfase, a palavra TORÁ. Foi um tempo de muito aprendizado. Aprender a Palavra num contexto mais judaico é sem dúvida uma riqueza e um descortinar de revelações de D-us.
Também nesse período o Senhor falou conosco. Assustados, sorríamos! Como seria possível? Hoje sabemos que eram palavras verdadeiras e que vieram mesmo do Eterno, pois se cumprem em nossas vidas.
Por meio daquela comunidade já estávamos de certa forma ligados ao Ministério Ensinando de Sião, de Belo Horizonte, ainda que timidamente.
Durante aquele ano tivemos algumas experiências agradáveis. Outras, nem tanto. Mas tudo cooperou para nosso amadurecimento. "Obrigada Senhor!”
III
Em novembro de 1998 pareceu que o mundo ia desabar sobre a nossa cabeça. O Eterno nos removeu de onde havia nos colocado. Primeiro espiritualmente e depois naturalmente.
Foi uma decisão difícil de ser tomada, mas em janeiro de 1999 estávamos como quem sonha. Aparentemente sem rumo, tateando, procurando um lugar para congregar. Voltamos à nossa origem religiosa por breve tempo, pois não era mais possível vivermos sem ouvir falar das promessas feitas a Israel como nação, bem como da restauração prometida a seu povo.
Era fevereiro, e em determinada semana, o Eterno falou comigo três vezes com a mesma Palavra:
"Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10:5-6)
Somente hoje entendo que ali estava a confirmação de nosso chamado.
Muitas vezes nossa imaturidade espiritual nos impede de ver claramente as coisas. Caminhar no escuro é bem mais difícil, mas Ele permite assim. O que estabeleceu para nós Ele irá cumprir, mesmo que nossos olhos não vejam.
IV
Surpresos e assustados mais uma vez.
Ficamos, como casal, com a representação do Ministério Ensinando de Sião em Curitiba, para divulgação e venda de literatura.
Éramos tão novos na fé, tão inexperientes! Mas nosso D-us é tremendo. Faz tudo por nós! Ele nos capacitaria. Em nossa fraqueza Ele glorifica o Seu nome. E Ele enviou-nos ajuda. Preparou um reencontro em nosso apartamento com irmãos muito amados que fazem parte desta história no princípio. Teríamos nossa primeira reunião como representantes da AMES (Associação Ministério Ensinando de Sião). Estava marcada para uma terça-feira à noite. Que alegria!
Na madrugada deste dia tive um sonho, o qual relato a seguir:
Eu e meu marido estávamos como peregrinos em uma cidade estranha e procurávamos por um endereço escrito num pequeno pedaço de papel. Tínhamos uma pequena quantia em dinheiro. Eram dezessete reais. Avistamos alguns homens conversando perto de um táxi azul e branco. Pareciam motoristas em final de expediente. Aproximamo-nos e perguntamos quanto custaria para que nos levassem até o endereço que constava no papel. Um deles aceitou o dinheiro de que dispúnhamos. A cidade era grande e lembro-me de ter avistado muitos prédios ao longe, mas o local em que o carro chegou não era nada comum. Tratava-se de um terreno de esquina onde haviam sido fundados os pilares de uma construção. Eram colunas muito grossas de concreto, prontas para sustentarem um edifício. Já apareciam os primeiros tijolos dessa construção. O detalhe surpreendente é que as colunas erigiam de dentro da água. Eram águas límpidas e abundantes.
- É aqui? Como pode uma construção com colunas tão robustas erigindo de dentro d’água? Parecia absurdo.
O espanto foi tanto que acordei.
Não fora um simples sonho. O Senhor estava querendo falar algo. Deu-me uma Palavra logo em seguida e, assim que me sentei em minha cama, incrivelmente, abri a Bíblia em Efésios 2:19-22.
"Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de D-us; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; na qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de D-us no Espírito".
Aleluia! Naquele dia eu soube que o Senhor começara algo novo em nossa casa, nos incluindo num plano maravilhoso: a restauração de Sua Igreja e de Seu povo.
Yeshua é a pedra de esquina. As águas são águas do Espírito Santo de D-us. As colunas são o fundamento dos apóstolos e profetas, ou seja, a Torá. Os tijolos somos nós, os filhos do Reino, as pedras vivas. Baruch Hashem (Bendito O Nome)!
“Ah, quão doces são as águas que fluem do Trono! Quero permanecer mergulhada nelas”.
V
Agora nos reuníamos na sala de nosso apartamento todas as terças-feiras. Às vezes em sete, seis, três ou até mesmo só nós dois: eu e meu esposo. Nossos filhos ficavam brincando. Olhar para as circunstâncias só nos fazia sofrer. Mas Ele nos atraía com amor e dizia: "Olhem para Mim; ainda reunirei outras ovelhas a este aprisco".
O ano de 1999 foi difícil. Romper laços, sofrer humilhação e sentir solidão não é fácil. Passar pelo deserto para sermos moldados pelo Oleiro é muito doloroso. "Crescer dói”, como diz certa irmã.
Neste tempo, apesar da distância em quilômetros, algumas pessoas não desprezaram o nosso "sobreviver". Entre elas estava aquele que nos apoiou na medida do possível, teve paciência, exortou. Irmão mineiro, homem de D-us. Olhou o barco navegar para ver o mover de D-us nestas águas.
Muitas vezes nos sentíamos desprezíveis, mas o Eterno insistia que não desprezássemos os humildes começos.
E mais um ano se passou.
“As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa, elas mesmas a acabarão, para que saibais que o Senhor dos Exércitos é quem me enviou a vós outros. Pois quem despreza os humildes começos, esse se alegrará vendo o prumo nas mãos de Zorobabel". (Zacarias 4:9-10)
VI
Logo no início de maio de 2000, Marcelo Miranda Guimarães, da AMES, esteve conosco pela segunda vez. Tivemos uma maravilhosa palestra sobre a Páscoa Judaica (Pesach) e pudemos partir o pão junto a alguns convidados.
No dia seguinte, participamos de um culto em uma grande comunidade evangélica para a qual o nosso irmão havia sido convidado a ministrar a Palavra. Ficamos com a incumbência da preparação do louvor. O pequenino grupo, que estava acostumado a cantar em hebraico em reuniões tão singelas em nosso apartamento, agora louvaria ao Senhor publicamente nesta língua tão pouco conhecida. Nascia ali, naquela manhã de domingo, o Grupo de Louvor Sar-El. Não da vontade de homens, mas de D-us.
Na tarde do mesmo dia, nos reunimos na casa de um irmão para resolução de assuntos administrativos. O pequeno grupo passou a ganhar o costumeiro apoio de duas irmãs muito queridas de outro ministério. Agora elas emprestariam uma pequena casa em sua propriedade para que pudéssemos congregar, a fim de estudar a Palavra e receber outros irmãos que simpatizassem com a visão do Ministério Ensinando de Sião.
Nos reuniríamos a partir de então, todos os sábados à tarde, na capela da pequena Canaã no Brasil em nossa cidade. Iniciaríamos também as celebrações de Shabat, em casa, todas as sextas-feiras à noite. O Shabat é um dia muito especial para o nosso Amado, o Eterno de Israel.
“E o D-us de Abraão, Isaque e Jacó continua a mover Seu dedo nas águas do Espírito”.
VII
O pequenino grupo de louvor recebeu uma nova integrante, ainda que de passagem. Deveria louvar ao Senhor conosco.
Que desafio! Fomos convidados para participar do Culto de Arrependimento pelos 2000 anos de antissemitismo cristão. Deveríamos preparar alguns cânticos em hebraico para o evento no qual a Igreja faria formalmente um pedido de perdão aos judeus.
Quem entende os caminhos do Eterno? Lá estávamos nós, a 2 de agosto de 2000, no Centro de Convenções de Curitiba, em nossa primeira apresentação formal como grupo de louvor. Foi uma data muito especial, pois cantamos diante da comunidade judaica, ali representada por alguns membros do CIP (Centro Israelita Paranaense), pelo então Governador do Estado do Paraná, Jaime Lerner, pelo Rabino Henry Sobel, de São Paulo, e por alguns sobreviventes do Holocausto. Que honra! Neste evento a irmã Sandra, de Vitória, esteve conosco pela segunda vez.
Na mesma semana, outro evento ímpar para nós. Joseph Shulam, servo de D-us, fundador do Ministério Netivyah, de Jerusalém, Israel, estaria conosco pela primeira vez.
Dias especiais.
Joseph nos abençoou no aeroporto antes de seu regresso. A partir de então, muito trabalho, alegrias, sofrimento e aprendizado de D-us.
Neste mesmo mês iniciamos nossas aulas de hebraico.
O Grupo de Louvor Sar-El era uma realidade. Uma estratégia do Altíssimo para levar a visão de Israel à Igreja, quer ouvissem, quer deixassem de ouvir.
"Os filhos são de duro semblante, e obstinados de coração; eu te envio e lhes dirás: Assim diz o Senhor D-us. Eles, quer ouçam, quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde, hão de saber que esteve no meio deles um profeta". (Ezequiel 2:4-5)
Paralelamente, o Bom Pastor cuidava do pequenino rebanho, alimentando-o com Sua Palavra, disciplinando-o com Seu cajado, mas fazendo-o repousar em pastos verdejantes e conduzindo-o a águas de descanso.
VIII
"Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso D-us. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade foi perdoada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados". (Isaías 40:1-2)
O hebraico já não era uma língua estranha para nós. Era difícil, mas maravilhoso! Parecia tão familiar!
O tempo passou com rapidez. Foram muitas apresentações com o grupo de louvor em comunidades diferentes. É muito bom cantar a Palavra de D-us e assim testemunhar à Igreja do Seu amor pelo povo escolhido. Esse serviço duraria cerca de dois anos. “Há tempo determinado para todo propósito debaixo do céu”.
Não poderia deixar de agradecer ao Senhor pela vida de cada irmão do grupo de louvor e destacar o empenho de nosso regente, de nossa tecladista e de seu esposo, que cedia a casa para os ensaios, além de abrilhantar o grupo com sua linda voz.
“Obrigada, Pai, pela graça e unção que derramou sobre nós".
IX
Passemos a fevereiro de 2001.
O Reb Marcelo (é assim que o chamamos agora) veio de Belo Horizonte para olhar um pouquinho o crescer lento do grupo e resolver algumas questões. Ficaríamos até novembro utilizando o espaço da pequena Canaã.
Foi lá que tivemos uma maravilhosa celebração de Shabat no segundo dia do mês. D-us tem Seus meios para executar Sua vontade. Naquela noite seria necessário o toque do shofar. Irmão Patrick, nosso convidado, trouxe o seu. Foi dado o toque, tão profético, e muralhas foram derrubadas no mundo espiritual. Não foi a primeira vez que ouvi aquele som, mas como das outras vezes, sempre em ocasiões marcantes em minha vida, a sensação foi indescritível, sobrenatural! Bendito seja o Nome do Senhor!
Iniciaríamos na manhã seguinte o estudo das porções de Shabat (Parashiot), e assim faríamos a cada Shabat dali por diante. Nossa identidade estava sendo formada.
"Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz: porventura não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo". (Isaías 43:19)
X
D’us é Fiel.
Mais um acontecimento importante à vista. Um casamento judaico em nosso meio. Estava marcado para 31 de março de 2001 e seria realizado num lindo jardim, na pequena Canaã. Reb Marcelo teria vindo celebrá-lo caso não estivesse impossibilitado de comparecer. O Pastor Jorge veio em seu lugar. Lembro-me de ter comentado com ele que sentia algo especial naquele dia. Era algo que não sabia explicar, mas estava relacionado à futura Congregação Sar-El de Curitiba e ao Ministério Ensinando de Sião.
O Pastor Jorge... Não foi a primeira vez que esse irmão nos visitou e sua vida foi um vaso nas mãos de D-us para nos abençoar.
O Senhor continuava o Seu trabalho.
"É certo que não dormita nem dorme o Guarda de Israel.” (Salmos 121:4)
XI
Danças, vozes...
Achegaram-se outras ovelhas ao aprisco. O Pai as enviou. Porventura seriam algumas das perdidas da Casa de Israel? Ele as chama pelo nome. Elas reconhecem Sua voz, pois em seu coração já arde uma chama que antes fumegava: a chama de um coração judaico.
D-us as quer de volta. Quer curar todas as suas feridas, muitas das quais ainda armazenadas em uma memória dormente que agora desperta. É o tempo.
Elas também querem voltar. Sentem saudades de casa, das coisas que lhes são familiares por herança. Não sabem explicar bem, mas são suas raízes que querem resgatar por direito.
Eram pessoas que vieram somar esforços neste pequenino corpo, para que pudesse funcionar melhor.
Aleluia! O bebê estava sendo formado.
“Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser Seu servo, para que torne a trazer Jacó, e para reunir Israel a Ele, porque eu sou glorificado perante o Senhor, e o meu D-us é a minha força. Sim, diz Ele: Pouco é seres o Meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da Terra”. (Isaías 49:5-6)
XII
Outubro de 2001.
Os meses passaram depressa e já era tempo de sairmos da pequena Canaã. Que alegria! Nosso Amado providenciou uma tenda para nós. Guiou-nos até o local que determinou, sem esforço nem jugo.
“Senhor, concede-nos a paz, porque todas as nossas obras Tu as fazes por nós”. (Isaías 26:12)
***
Em novembro, o grupo de louvor completou cerca de quarenta apresentações. Também trabalhávamos para organizar a nova casa. Tudo era muito simples, mas o básico necessário para a chegada da Sar-El já estar preparada. O mais importante era sentir que Ele se fazia presente na comunhão daquele corpo, agora já formado e prestes a nascer. O Pai se encarregou de enviar provisão.
“Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos.” (Ageu 2:8)
“Eu sou o Senhor, este é o Meu nome; a Minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a Minha honra às imagens de escultura". (Isaías 42:8)
***
Dezembro chegou.
Estávamos em período de Chanuká. Ele nos ensinava a celebrar como se ensina a uma criancinha. Alegramo-nos em aprender e obedecer. Acendemos as luzes da chanukiá (candelabro de oito braços) durante os oito dias de celebração, orando e nos consagrando. Era a “Festa das Luzes” (João 10:22).
No terceiro dia da festa, logo depois do acendimento da chanukiá, num choro precipitaram-se dores. Eram gemidos como os da que está para dar à luz. Em 12 de dezembro de 2001 o Médico cortou o cordão umbilical: NASCEU SAR-EL.
"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". (Salmos 30:5b)
Epílogo
Seria simples coincidência que nove meses depois daquele casamento judaico-messiânico já tivéssemos nossa própria tenda na qual a Congregação Sar-El pôde vir à luz e, recém-nascida, iniciar seu desenvolvimento a fim de cumprir os propósitos do Eterno para sua existência?
Olhos de incredulidade jamais poderão contemplar tudo quanto Ele fez. Mas, pela fé, exultaremos nos feitos do Senhor.
“Então orou Ana, e disse: O meu coração se regozija no Senhor, a minha força está exaltada no Senhor; a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto me alegro na Tua salvação. Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de Ti e Rocha não há, nenhuma, como o nosso D-us. Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o D-us da sabedoria, e pesa todos os feitos na balança. O arco dos fortes é quebrado, porém os débeis são cingidos de força. Os que antes eram fartos, hoje se alugam por pão, mas os que andavam famintos não sofrem mais fome; até a estéril tem sete filhos, e a que tinha muitos filhos perde o vigor. O Senhor é que tira a vida, e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são as colunas da terra e assentou sobre elas o mundo. Ele guarda os pés dos seus santos, porém os perversos emudecem nas trevas da morte; porque o homem não prevalece pela força. Os que contendem com o Senhor são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O Senhor julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei, e exalta o poder do seu ungido". (I Samuel 2:1-10)
Seja esta a minha oração. E Sar-El seja entregue ao Senhor. Cumpram-se em nós, seus membros, os sonhos do Pai.
"Porque Dele e por meio Dele e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois a glória eternamente. Amém". (Romanos 11:36)
(PARTE 2)
Ao Jair, meu esposo,
Guerreiro silencioso
Que na quietude de seu coração
E nas madrugadas de joelho no chão,
Pode ouvir D’us
E não duvidou de Suas promessas.
I
Em 12 de fevereiro de 2002 tivemos a inauguração formal da sede da Sar-El com a presença e a benção de Joseph Shulam e Marcelo M. Guimarães, além de outros irmãos queridos.
Alguns anos se passaram. 2002, 2003, 2004, 2005...
Em abril, celebramos pela primeira vez em nova sede. Era Pessach!
No dia dois de julho, na manhã de Shabat, estávamos reunidas para oração antes do Serviço da Torah. Irmã Madalena me advertiu:
“Começarei a minha obra com dez”. - Foi o que ouvi do Senhor, esteja preparada!
Ah! Como entender isso?
II
E foi assim que aconteceu. Muitos vieram, mas apenas dez permaneceram.
Pedimos e o Reb Marcelo veio nos ver. Era 12 de julho de 2005. Precisávamos estar com ele. Falar-lhe e ouvi-lo. Amparou-nos.
Em início de agosto do mesmo ano, uma equipe da Escola de Estudos Judaicos da JOCUM Richmond - EUA, sob liderança do Pastor Jaime Araújo, veio para trabalhar e nos apoiar.
Joseph Shulam veio de Israel e ministrou coisas importantes. Deixou sua benção. O estimado Matheus, filho de Marcelo, veio como intérprete mais uma vez.
Ainda não sabíamos, mas seria curta nossa temporada na espaçosa sede. Em setembro de 2006 estávamos voltando para os lares. Passaríamos a nos reunir semanalmente de casa em casa. Os pertences da Sar-El ficariam guardados na casa de quem dispôs o coração para tal.
Qual foi nossa primeira celebração nesse novo peregrinar? Rosh Hashaná, ano 5767. Retorno. Recomeço. Reunimo-nos em nosso apartamento e a Congregação celebrou com alegria junto a alguns visitantes.
III
Sar-El enfrentou dificuldades. Aprender a caminhar não é fácil para uma criança frágil, ainda que cingida de força. Antes desse portento veio o engatinhar e muitas tentativas de se manter em pé entre quedas e tropeços. AQUELE que ajuda a levantar-se e sustenta-a com Suas mãos não permitirá que seus pés vacilem.
“E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” (Isaías 30:21)
IV
Relatar as dificuldades, entre perdas, erros e julgamentos? Serviram como experiência. Ajudaram no amadurecimento e compreensão de que devemos caminhar de acordo com o que já alcançamos – passo a passo.
“Todavia andemos de acordo com o que já alcançamos.” (Filipenses 3:16)
V
Doenças são muito comuns na infância, até que o organismo da criança esteja imunologicamente adequado e fortalecido. Doenças ativam a produção de anticorpos.
Halleluya! O importante é a vontade de viver e o amor manifesto através de quem se importa – de perto ou de longe –, porque “o amor é forte como a morte.”
Sar-El era uma criança persistente, embora algumas circunstâncias a desanimassem. Não eram muitos os que acreditavam em seu potencial. Natural!
“Não se trata daquilo que veem os homens, pois eles veem apenas com os olhos, mas o Eterno vê o coração.” (I Samuel 16:7)
VI
Sar-El completou seis anos em dezembro de 2007. Um cicio suave vindo da voz do Pai era o estímulo de que necessitava para continuar.
Ah! Agora precisava estar mais atenta a essa Voz. Já estava razoavelmente crescida e por vezes tomou atalhos – rebeldia de criança! O Pai não se intimida em fustigá-la com a vara, afinal quem retém a vara retém a disciplina. Porém, quando a olha através do Filho, atrai-a para os Seus braços. Ele a quer de volta. Isso é amor!
"O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina”. (Provérbios 13:24)
VII
“Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei.
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.
Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto D-us o pôs sobre ele.
Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.
Pois o Senhor não rejeitará para sempre.
Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das suas misericórdias.
Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.
Pisar debaixo dos seus pés a todos os presos da terra, perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo;
Subverter ao homem no seu pleito, não o veria o Senhor?
Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?
Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?
De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, e provemo-los, e voltemos para o Senhor.” (Lamentações 3:21-40)
Voltar para a vontade do Pai seria um passo importante em seu caminhar e recuperação.
Desde muito cedo Sar-El manifestou sua alma judaica, o que implicou ter de enfrentar oposições. Gosta do rito judaico. Isso não teria tanta importância se não viesse do seu coração.
Olhar para as luzes acesas ao pôr do sol da sexta-feira a enche de alegria e esperança. É o início do Shabat. Cantar canções próprias desse dia é muito precioso! Em seu íntimo sabe a necessidade disso.
É também por aqueles que estão para chegar, além de ser seu direito por herança. Está tudo gravado em uma memória que aos poucos desperta, ainda que sua compreensão não seja plena a respeito de si mesma.
VIII
“Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade promulgará o direito”. (Isaías 42:2)
- Como ainda não morri? – pergunta-se às vezes.
“Não morrerei, antes viverei...” – não foi assim que começou sua história? Eis a resposta! É a Palavra gravada em sua mente e coração.
IX
Voltar para os braços do Eterno implica uma jornada difícil pelo deserto.
É preciso enfrentar o sol escaldante durante o dia e muito frio durante a noite. Sentir sede de justiça, tratar com a incredulidade, sair do conforto de uma casa e peregrinar. De tenda em tenda... Sem importar-se muito com o que dizem ou pensam. Estava segura e sabia o que devia fazer: firmar os pés e seguir conforme o Senhor ordenou. A ordem está contida no capítulo cinquenta e oito de Isaías.
Já colhia alguns frutos por entender e obedecer. Como já disse, passo a passo. Agora é permanecer!
“Despertem e orem para que não sejam testados – o espírito, de fato está preparado, mas a natureza humana é fraca.” (Mateus 26:41)
X
Janeiro de 2008.
Sar-El estava num tempo mais feliz. Esperava visita de amigos muito caros para ela.
Continuava ligada a Israel em amor (raízes e herança de fé) e desejava manifestar esse amor em atitudes.
No Brasil, fez novos amigos. Crianças indígenas atendidas pela Missão Cuagu, no Amazonas (raízes da pátria brasileira).
Permaneciam os amigos de sempre em diversas cidades do Brasil. Entre estes, os B’nei Anussim – filhos dos forçados (raízes em restauração).
Era o resgate. A oportunidade de contemplar a multiforme sabedoria de D-us na variedade de Sua obra e no amor que nos une. Somos feitura Dele. A Terra e toda a criação estão interligadas e precisam se fortalecer no amor que Seu Filho Yeshua ensinou.
O Eterno tem nos ensinado sobre o Amor em todo Seu cuidado com esse Príncipe de D-us – sim, esse é o significado do nome Sar-El. Que não sabe todas as coisas, nem tudo o que está para vir, mas uma coisa aprendeu: É um novo tempo!
“Esquecendo-me do que ficou para trás de mim e me
esforçando para obter o que está à minha frente,
continuo à procura do objetivo para ganhar o prêmio
oferecido pelo chamado celestial de D-us no Messias Yeshua”. (Filipenses 3:13b-14)
14/07/2008